Charlotte observava o embate de William e Jack preocupada, não parava de se perguntar em que momento uma simples brincadeira infantil poderia ter sido uma ameaça a ponto virar um duelo.
–Acho melhor acalmarmos os ânimos não? Ela estava realmente dizendo isso? Talvez só porque gostava muito dos dois e não queria nem pensar na possibilidade de vê-los feridos mas admitia que algumas coisas importantes poderiam ser reveladas ali.
Então ainda com o clima pesando, Marina foi atrás de responder a pergunta filosófica de Ctaaciug.
“Somos apenas Hommo Sapiens... Sem muita importância, porque pra ele tudo tem que ser tão poético?” Ela apoiou o queixo na mão direita e esperou uma resposta do mesmo nível de Marina, sua amiga era tão sonhadora quanto o Corvinal.
Suas mãos tocaram às de Ctaaciug e seus olhos fecharam-se devagar, então Marina parecia estar em uma espécie de transe... Parecia estar dormindo em pé.
–Marina? Disse baixo a ponto que a menina conseguisse ouvir, embora não demonstrasse nenhum sinal de consciência.
–Ela tá bem? Antes que Ctaaciug respondesse sua pergunta a garota já escorregava e seu corpo encontraria o chão se o garoto não a segurasse.
–Olha só o que você fez... Ela desmaiou! Seu...seu... Seus olhos pegavam fogo de raiva, enquanto ele a carregava para o sofá.
–Alguém pega água para ela... Devagarzinho ela foi abrindo os olhos verdes, mais a pele ainda estava pálida demais para ser chamada de saudável... Charlotte tocou em sua mão e a sentiu gelada. Estava com a pressão baixa.
Isso é o que dá você nos deixar sem comida por tanto tempo Charlie
–Há-há-há... Muito engraçado Marina Ângela! Embora quisesse ficar brava não conseguiu conter o riso aliviada.
– Quer matar todo mundo do coração?
- Mas eu sei a resposta Ctaaciug - pronunciou exultante - Nós somos as areias do tempo, que apenas mudam de lugar, mas nunca deixam de ser o que foram um dia. Em nós habitam a eternidade e o desejo de justiça. Somos pedaços do mesmo todo, que mesmo separados pela inveja dos Deuses, tornam a se encontrar, porque é inevitável que isso ocorra. A força de coesão das partes é maior que a energia empregada para afastá-las. - Pausou para respirar um pouco, e observar o olhar atônito de vários colegas. Eles a olhavam como se ela tivesse pirado, mas continuou - Somos guerreiros que combatem juntos por muitas vidas. Escolhemos essa missão de guardiões da justiça. E não foi por acaso que nos encontramos reunidos outra vez. Os nossos préstimos são necessários...
–Marina... você precisa de um bom pedaço de pizza! Mal falou isso e a campainha finamente tocou.
–Hora da comida... Vamos pessoal porque meu estomago ta colado. Enquanto os colegas seguiam para a sala de jantar Jack segurou delicadamente em seu braço e pediu um momento a sós, Charlotte ficou confusa com aquilo mas já imaginou que se tratava da confusão entre ele e William então o acompanhou sem perguntar nada.
- Não me sinto bem... E ainda com aquela figura despresivel, que se mostrou muito desrespeitosa a pouco... Acho que vou para casa... Antes que algum dos aurores que, de fato, estão por perto para minha proteção, acabem tomando a atitude dele como agressiva e isso cause problemas para você... - Procurou deixar bem claro que estava preocupado somente com ela e a privacidade da casa da colega... - Não entenda como desfeita... Pois sabe que não é... Mas tenho coisas mais importantes a fazer do que receber pesadas palavras de alguem que eu nunca dei liberdade de falar assim comigo... Espero você na festa de ministrais em meu castelo... Seria muito triste passar essa data se a sua presença... Eu sei que fui recebido de braços abertos... Mas acho que não vou aceitar que ele fale assim comigo...
–Ah não Jack... Eu não vou deixar você embora, foi só um desentendimento sem sentido, e vamos combinar que você anda muito sozinho e distante... Se você acha que não vale a pena ficar por causa do Will tudo bem, mais e seus amigos? Não entra no quesito de coisas importantes ? Ela ainda engolia aquela história totalmente boiando... Em um momento a garrafa estava girando no outro as varinhas estavam em suas mãos.
–Jack não vejo o Will como alguém desprezível... Ou tem algo que eu não saiba no meio dessa história toda? Ela colocou a mão na mão de Jack que ainda tinha a varinha em punhos ainda que estivesse tremulo...
–Você iria me dizer se algo estivesse acontecendo não ia? O silêncio envolveu os dois e ela trabalhava meticulosamente seus sentidos tentando decifrar aquele rosto, desde quando Lufanos eram assim? Algo estava errado.