Deacon ouviu Marina dizer que um aluno da Sonserina não podia ser sentimental, entretanto ele já tinha uma resposta para aquele desabafo da garota, mas não podia falar: simplesmente porque não desejava assustá-la compartilhando aquele seu pensamento mesquinho que estava fazendo cócegas frenéticas em sua boca para que saísse de sua mente.
O curandeiro aceita o abraço e o desabafo de Marina, retribuindo o abraço. Ele sentiu um peso na consciência enorme... Isaac não era do tipo que iria deixar de salvar o seu para salvar Hogwarts, muito antes pelo contrário.
Sim, Deacon sabia a localização do Chapéu Seletor, entretanto ele havia feito o voto perpétuo de que não contaria onde escondera o Chapéu, e não estava disposto a perder a vida para salvar a escola, muito antes pelo contrário, seus interesses ali eram outros e, querendo ou não, ele precisava sustentar sua velha mãe... Mas, sem Hogwarts, os objetivos de Deacon também iriam por água abaixo... Mas ele trairia suas próprias convicções e perderia a vida para salvar Hogwarts? Será que ninguém desconfiaria que Wise também poderia muito bem ter escondido o Chapéu? Ningém disconfiaria que ele sabe de alguma coisa? Ele teria hipnotizado as pessoas para ninguém ver essa possibilidade?
Fato era que se Deacon abrisse o bico, mesmo que indiretamente, ele estaria morto. Não poderia nem contar sobre o voto que fizera... E o pior: agora ele teria que mentir para Marina.
- Angie... - sussurrou no ouvido da garota, enquanto os braços fortes dele passavam nas costas dela, enlaçando-a em um abraço muito apertado. Lágrimas percorreram seus olhos -
Eu... Eu... - Deacon respira fundo. Somente depois de alguns segundos, quando consegue deixar sua voz mais sóbrea, continuou dizendo -
É claro que eu sinto falta da velha Sonserina... Mas... Eu... Não posso ajudá-la... Não posso fazer nada para que as casas voltem a ser o que eram antes, e...Deacon estava com uma enorme dor no peito. Ele sentia falta da bagunça da sala Comunal que ele visitava de vez em quando. Tinha saudade das coisas que fazia para ajudar os garotos, de quando Pirraça ficava os perseguindo e Deacon os "salvava", ou então de quando precisavam de uma aula de reforço em alguma matéria que Deacon sabia...
Envergonhado pelas lágrimas que caíam de seu rosto, ele dá um giro com Marina nos braços, um giro de modo que a garota ficou no centro da circunferência que o corpo do curandeiro desenhou ali, e fixou-a contra a parede, onde as sombras da noite praticamente os engoliu. Não havia ninguém ali naquele horário, já era madrugada, e então Deacon apertou Marina furiosamente contra seu peito. Ela estava quase na altura do pescoço dele, pois havia uma espécie de degrau onde ela tinha sido colocada.
Então, ela ouviu uma voz que nem parecia vir do próprio Deacon. Uma voz furiosa, baixa, seca, cheia de ódio... Uma voz do mesmo tipo de quando alguém lança uma maldição imperdoável.
- Mas eu vou acertar as contas do Sibytus. Isso você pode ter certeza. Aquela cicatriz no rosto dele não ficará impune. Não mesmo. Isso não vai ficar assim, ninguém, ninguém, deixa marcas em um Sonserino meu. Nem que eu tenha que rodar aquela floresta inteira atrás desse maldito torturador! Eu vou pegá-lo! E eu juro, eu juro, que minha vingança não será nada agradável a ele!A força com que Deacon abraçava Marina não a machucava, mas o ódio de Deacon era tanto, mas tanto que ele tremia, um tremor contido, parecia que se ele estava se segurando para não despejar toda a sua raiva naquele abraço, com medo de partir Marina ao meio.
No mesmo instante, o abraço cessa e ele olhou para a garota, não queria tê-la assustado. Ali, no meio de tudo aquilo, no meio de todos aqueles sentimentos embaralhados, Marina estava muito perto dele, de modo que Deacon não pôde controlar seus instintos. De repente, ele se viu diante dela, os olhos de ambos estavam conectados.
http://www.tudou.com/programs/view/V_jNzIGhL9M/- Você... - agora sua voz estava mais tranquila, entretanto mantinha a seriedade. -
Você é linda...O dedo indicador de Deacon toca a sobrancelha de Marina, acariciando-a até as têmporas, depois, a mão que ainda segurava a garota no abraço, sobe até a bochecha dela, tão rosada mesmo sob o fino feixe da luz da lua que a alcançava. Seus dedos agora foram juntos penetrando por entre os fios dos cabelos macios e sedosos de Marina, ele colocou os cabelos dela para frente, e começou a cheirá-los ali mesmo, dava para ouvir o ar sendo sugado por suas narinas e seu rosto era de extremo deleite.
- E seus cabelos... Seu cheiro... Você... - à medida que ia falando, passou pelo lado de seu pescoço, cheirando-o perto o suficiente para se viciar do aroma da região, mas sem tocá-la, sussurrando -
Você é tão bela, mas tão nova... Porquê?Como se Marina tivesse dado um choque em Deacon, ele pula para trás, parando à três passos da garota. Ele estava respirando rapidamente, como se o ar estivesse faltando a seus pulmões depois de muito tempo de imersão na água. Ele leva as mãos à testa e dá outro giro, anda até o outro lado do corredor e apóia a testa na parede oposta em que ele tinha quase agarrado sua mais nova, digamos, "estagiária".