Uma dádiva dos deuses. Levou o cigarro a boca tragando suavemente e sentindo todo sabor se esparramar em suas papilas gustativas. A marca era estranha a ela, mas o efeito foi o desejado. Aos poucos toda a tensão acumulada em seu corpo foi se dissipando e começou a relaxar.
-Senhorita Blackcrow! Preciso da senhorita urgente no Salão Principal com o chapéu seletor em mãos para começar-mos a cerimônia da escolha das casas!
Riu da brincadeira do rapaz sobre as visitas. Só podia ser um pesadelo. Outra vez ele advinhara onde ela estava. Não existia mais privacidade não? De um salto postou-se sentada na beira da cama, já com as pernas para fora das cobertas. A última coisa que queria era que Ander a encontrasse em farrapos - pura vaidade feminina.
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Vestes Reparum... - em poucos instantes sua roupa estava impecável , apesar da pele arder por baixo. Era incrivel como ele tinha capacidade para adivinhar muitas coisas e total imperícia em notar que ela estava ferida e precisava de cuidados. Mais uma vez a miserável escola vinha antes dela.
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Episkey - Moveu a varinha pela face, mãos e braços , sumindo com pequenos arranhões.
Antes que o diretor entrasse ela ja estava recomposta e sentada em uma cadeira. O tempo a traiu e ela esqueceu de sumir com os vestigios do cigarro. Sabia que ele não gostava. Enquanto o jardineiro e o diretor se apresentavam formalmente, ela notou que o tom de voz de Ander não estava dos melhores. Nos muitos anos de convivencia aprendera a detectar o perigo naquela voz, e algo lhe dizia que ela estava encrencada.
Porque era tão importante parecer perfeita e competente aos olhos dele? Talvez pelo fato da escola ter se tornado seu lar e de estar cansada demais para procurar por outro. Era uma funcionária da escola e não podia se dar ao desfrute de repousar enquanto as suas tarefas estavam por ser cumpridas.
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Repito que devo minha vida a voce sr Winne, muito obrigada - olhou bem acusativa para o diretor, como a dizer:
mesmo você não tendo notado EU estava em perigo - Obrigado também pela hospitalidade. - Abraçou o jardineiro e depositou um beijo de agradecimento em sua bochecha. Levando junto dela um pouco do cheiro fresco de ervas que ele tinha. Voltando-se para dar atenção ao diretor, fuzilou-o com o olhar.
- Vamos diretor, nosso dever nos espera. - os lábios sorriam no mesmo jogo que ele estava fazendo, mas o olhos continuavam a acusá-lo de insensível .
Saiu na frente, fazendo um esforço sobrehumano para parecer bem e rezando para que sua pernas não denunciassem o quanto estava abalada ainda. Não ia dar esse gosto ao diretor. Nunca fraquejaria na frente dele.