Deacon sorria naqueles últimos momentos em que ela o xingava ao cuidar de seu ferimento. Era estranho ele ensinar técnicas curativas em seu próprio corpo... Não era a técnica ideal, mas Deacon tinha certeza de que Marina aprendera alguma coisa com aquilo. Então, assim, ele sabia que estava cumprindo seu papel ao instruí-la no que ela queria. Ele via um grande futuro naquela garota - talvez uma curandeira, apesar de querer ser pocionista.
O laço que criaram e estava prestes a se romper fortaleceu-se naquele momento. Casualmente ele mexe nos cabelos, inconscientemente tentando parecer mais bonito para ela, tentando reaver a sua dignidade perante Marina - ainda mais depois daqueles chiliques que ele dera em sua frente.
- Não sei. Ferida de fogo de... lareira. Bem, pode demorar um pouco, ainda mais porque um galho entrou na pele até o osso. De qualquer forma, fogo é fogo! Esta pasta de ervas deve ajudar, não sei quanto tempo... eu chutaria... uma semana? - ele não queria se comprometer: ele sabia que Marina não era boba, e não precisava ter aula de trato das criaturas mágicas para saber quanto tempo que uma ferida daquelas demorava a cicatrizar.
Se ele dissesse o quanto demoraria, bastava ligar os pontos e a pessoa descubriria que uma ferida que demorava tanto tempo assim para curar só podia se tratar de uma ferida dracônica. Então ela se oferece para... fazer os curativos! O doutor sente uma pontada no peito e uma felicidade imensa transcorre em suas veias. Ou era apenas adrenalina. E a adrenalina de sangue bruxo era muito mais intensa.
- Ahhhh, seria uma semana divina... a Debbie não faz os curativos com tanto cuidado igual a você... Sabe, uma enfermeira calejada pela experiência de curar danos com aparato mágico não costuma ser muito criteriosa ou cuidadosa na hora de tratar danos com aparato trouxa... Sua ajuda será bem vinda. Assim você poderá acompanhar o andamento da doença...Deacon levantou-se, foi até a sua escrivaninha e, assentado, passou o dedo sobre a fita que terminava de fechar o curativo.
- Ahhh, aquele departamento já me deu muito trabalho. Antes de ser um interno, fiz trabalhos fora para eles. Realmente, vi coisas bizarras. O Sr Lincoln é rígido, mas você conseguirá aprender muitas coisas com ele. Vai ser uma boa experiência para você. Espero que aproveite bastante. Fale que mandei um abraço. Ele com certeza vai se lembrar de mim.Então ela tocou no nome daquela professora... Kaileena Harumo. O rosto de Deacon simplesmente ficou turvo... apagado...
- Marina... - ele só a chamava pelo primeiro nome quando iria dizer alguma coisa séria. Sua voz era baixa e parecia tensa. -
Eu... Eu preciso te mostrar uma coisa... Me acompanhe por favor?O jeito dele revelava que, naquela troca de olhares, ele queria passar uma informação subliminar à secundanista.
O doutor se levanta e vai até a porta antes nunca explorada por Marina, e ela sabia do que se tratava. Uma porta logo ao lado do banheiro levava ao quarto do curandeiro. No início, parecia que ele ia mostrar algo dentro do quarto de banhos, mas na verdade ele estava era entrando no quarto de sonhos.
E parecia mesmo um sonho.
Deacon entra em seu quarto e abre a porta para que Marina passasse. Era um lugar definitivamente mágico: Grande e parcamente iluminado, verde escuro, todas as paredes eram lisas e verde-escuras, pequenas estrelas de luz branca fagulhavam no teto, fracas e fortes, pequenas e grandes, nas paredes havia iluminação mágica, chamas branco-esverdeadas lambiam umas as outras em poleiros formato "v", prateados, colados às paredes. O chão era encarpetado, um carpete negro muito limpo e fofo, que conferia requinte inimaginável ao local. Havia uma janela na parede, entretanto era coberta por uma grossa cortina verde e prata, com duas belas cobras bordadas por todo ela. Ao lado, dormia sobre uma pedra sua cobra, Slyth, que ficava solta no quarto, mas geralmente nunca saía de perto de sua pedra.
Tecidos verdes e transluscidos, muito finos, atravessavam o quarto, pendiam do centro do teto até os quatro cantos do recinto, atravessavam o quarto e alguns pendiam do teto ao chão, encobrindo a cama, enorme, cheia de almofadas fofas, roupas de cama requintadas, macias e verde-esmeralda, verde e mais verde em várias tonalidades. Do outro lado da parede que a cama era encostada, havia um armário antigo de carvalho, onde ele guardava seus pertences, ao lado de uma escrivaninha com alguns livros de medicina trouxa em cima.
Deacon não deu chance para Marina falar absolutamente nada, ele apenas pegou sua varinha e trancou a porta, utilizando outro feitiço, o abaffiato, para que quem estivesse do lado de fora não escutasse o que estava acontecendo lá dentro, apenas escutaria uma linda canção de ópera.
- Desculpe, mas é que as paredes de Hogwarts tem ouvidos - ele diz. -
Confie em mim. - não era uma pergunta. -
Assente-se na cama. - também não era uma pergunta. -
Preciso falar algo importante.Deacon afasta os tecidos que pendiam do teto, atravessando o amplo quarto até a parede perto da janela, recostando-se ao lado da imensa cortina da sonserina, cruza os braços e olha seriamente para Marina, aguardando que ela se assentasse perante ele, na cama que ficava em cima de um patamar da altura de dois degraus, como se fosse um altar.