Conto 1 - Velhas Lembranças
musica tema
some feelings of loneliness and emptiness, inspires us in a night, and now you realize that paper, pen and music are enough to survive one day more
but for how long?
musica tema
- Spoiler:
Numa noite fria em Manhattan, toda a diversão que um homem de meia idade com pouco dinheiro pode conseguir e tomar um trago de alguma coisa quente em um dos pubs espalhados pela cidade, uma vida noturna agitada de baladas, bebedeiras e aventuras sexuais não é mais para mim, acordo cedo para trabalhar, como boa parte da população de classe média baixa desta cidade.
Caminho por entre a noite fria, me esgueirando sob um céu sem estrelas, e bueiros que exalam seu fétido vapor por entre as ruas, envenenando o ar, e viciando a juventude com idéia deturpada de liberdade e diversão. Meu caminho é longo, desde a saída do metro ate um pub onde vão outras pessoas solitárias como eu a procura de um pouco de conforto nua noite fria, talvez se não fosse esta cidade, estas palavras não teriam o mesmo glamour de outrora, mas deixe estar, e continuemos a caminhada pelas ruas sombrias.
Meu cigarro já estava na metade quando a luz do pequeno letreiro vibrava sobre a calçada, demarcando a entrada, não era de se estranhar alguma motos paradas ali na frente e alguns carros, bons carros, clássicos, novos, alguns empoeirados, sujos ou caindo aos pedaços, paro por um instante e então dou a ultima tragada de meu cigarro enquanto uma ratazana atravessa o meu caminho pela rua e emboscado por olhos famintos encobertos pela escuridão do beco, “era uma vez um rato” pensei com um sorriso maquiavélico nos lábios, enquanto expelia a fumaça e então arremessava com um peteleco a binga para longe. Com a mão coberta por minha velha luva de couro ” ah meus grandes tempos”, pensei assim que a olhei(de fato sempre penso nisso quando a vejo), tão logo afastei tais pensamentos de minha mente quando então alcancei a maçaneta e a girei, fazendo o barulho e o calor escaparem por suas frestas, e crescerem a medida que a porta era aberta, dei alguns passos e atravessei aquela porta fechando novamente aquele mundo frio.
As mesas de sinuca estavam cheias em seu canto, as mesas quase que todas ocupadas, a noite era boa, apesar de ainda ser uma quarta-feira, me dirigi ate o balcão onde um marmanjo que deveria ser o dobro de mim de puro músculo e uma tatuagem que parecia ser uma mulher semi nua, enrolada em seu corpo uma serpente gigante que parecia devorá-la d e maneira obscena, preferi não mais olhar para a tatuagem, e então buscar uma bebida, o homem se chamava Larry ( nome um pouco delicado para um godzila, mas, não quero saber da historia deste rapaz), com os olhos meio marejados pela fumaça que o lugar emanava, tão espessa quando uma névoa que aparece no amanhecer de outono no central park. Ao fundo uma banda cantava uma versão em blues de alguma musica famosa, enquanto para minha decepção e meus trinta dólares pedi um trago do whisky mais vagabundo da casa, e la estava eu, debruçado sobre o balcão com meu copo na mão enquanto ouvia atentamente aquela canção, me fez lembrar da época que eu era mais jovem, onde me sentia imortal, eu era imortal, a chegada da noite para mim era sinônimo de uma longa noite de caça ao sexo oposto, regado a bebidas e drogas (claro se estivesse a fim, e de quem fosse a garota que eu estava afim, a turma sempre usava de onda) eu me lembro ate hoje, aquela mulher com os cabelos tão negros quando a noite, olhos tão penetrantes que hipnotizavam, a boca tão carnuda quando uma fruta madura, o perfume tão envolvente quanto uma fêmea no cio atraindo o macho mais forte do bando para garantir os melhores e mais fortes filhotes, La estava ela, o corpo tão escultural quanto aquelas estatuas de mulheres antigas que vemos nos museus, o cabelo tão liso e tão fluido quanto a água corrente, seu piercing na lingua era um atrativo amais, só dela passar, eu sentia meu corpo queimar dentro de minhas calças,
July era o nome dela, e só de lembrar, sinto o meu corpo se aquecer novamente, mas nossas vidas tomaram rumos diferentes, ela era uma devassa que estava a caça de um marido rico, ah, e como ela me fazia querer devora-la, vestindo aquela blusa de couro negro com um belo decote deixando amostra seus maiores atributos, uma calça tão justa que podíamos adivinhar que usava calcinha fio dental (isso se estava de fato usando alguma), e um sobretudo que lhe espantava o frio, em suas mãos, luvas tão delicadas e caras quanto uma dondoca poderia comprar numa destas lojas caras por ai.
Não tinha como negar, apenas a lembrança era o suficiente para me manter quente aquela noite, talvez o whisky tivesse ajudado, olhei então para a cara do vendedor e virei o ultimo gole de uma vez, sem fazer cara feia, paguei com os meus trinta dólares a bebida e peguei o troco, jogando de volta para o meu casaco. Sai do balcão em direção a porta, novamente a abri e me deparei com a fria e solitária noite, fechei a porta com as lembranças de um passado distante e caminhei de volta ate a estação do metro, minha passagem estava guardada no bolso a espera do meu retorno a meu apartamento vazio no subúrbio.
Desci as escadas e então passei a catraca ate a plataforma de embarque, lá, o tempo demorou a passar, e então voltei a imaginar July quando ela havia se sentado ao meu lado no bar, na terceira vez que a encontrei por acaso, havia descoberto o seu nome, ela então passou a mão pela parte interna de minha coxa até a minha virilha, quando então senti que naquela noite ela seria minha, a coloquei dentro de meu carro aos beijos, e então quando dei a partida em direção a meu apartamento, ela desabotoou a minha calça e me fez uma feliz surpresa naquela noite, ah, aquela mulher era fantástica, talvez não haja outra igual a ela, meu devaneio logo foi interrompido pela buzina do metro que anunciava a sua aproximação, vazio por conta da noite, eu entrei e escolhi um lugar para me sentar longe de um casal de jovens que se agarravam dentro do vagão, olhando para aqueles dois, me lembrei do momento que, com July em meu colo de frente par Amim, nos beijávamos loucamente, ela com as pernas enganchadas em minha cintura, e minha mãos em suas nadegas , apertando firmemente enquanto a escorava na porta de meu apartamento a procura das chaves, e magicamente a abri, empurrando com o pé para fechá-la quando consegui entrar, o estrondo só a fez gemer, enquanto rapidamente a jogava encima de minha cama, e a consumia ali, até que o alerta me acordava novamente de minhas lembranças e então era hora de descer na estação e caminhar até o meu velho apartamento, e dormir com as lembranças de July enquanto olho sua imagem envelhecida numa capa de revista, ao lado de um milionário qualquer, lembrando de seus gemidos ensandecidos daquela noite.
some feelings of loneliness and emptiness, inspires us in a night, and now you realize that paper, pen and music are enough to survive one day more
but for how long?
Última edição por Makie Otono em Sex Jun 03, 2011 8:26 pm, editado 2 vez(es)