Como acreditar em um paradoxo?
Primeiro porque? Os motivos são inúmeros e cada caso é um caso, mas essencialmente o paradoxo tem de geralmente ter uma base intangível, algo que não possa ter imediata comprovação empírica, por exemplo acreditar que ao mergulhar nu em chamas você vai sair ileso, não tem muitos adeptos entre os que tem a capacidade de se manter funcional na realidade consensual (consensual! Atentemos para este detalhe), por outro lado acreditar que você vai ser realizado e satisfeito em uma profissão devido ao potencial de retorno financeiro que ela dá somente, é algo que tem um grupo considerável de adeptos. Então acreditar em um paradoxo é um erro, mas até ai tudo bem, vivemos errando, é parte do crescimento humano, é natural enfim.
Mas porque então depois do início, a crença se mantém? Nem todas se mantém, mas entre as crenças em paradoxos bem sucedidas algumas características que a auxiliam podem ser notadas. Sacrifício é uma característica bem comum a elas, se você sacrificar algo, sejam sonhos, perspectivas, tempo, estilo de vida, seja algo material ou intangível, o que importa é você sacrificar algo em favor desta crença paradoxal , a partir do momento que você faz isto, você parte para a justificativa em sua mente de que a crença não é apenas uma crença mas uma verdade, porque é difícil admitir em um primeiro momento que você se sacrificou por nada.
Se a crença exigir constantes sacrifícios para sua manutenção então ela se torna mais forte, mais sólida, principalmente com o passar do tempo, uma vez que nós humanos temos a tendência de buscar sentindo e significado nos fatos (eu por exemplo sou um ferrenho defensor de que os fatos tem propósito, mas que este propósito nem sempre é conhecido por nós).
Uma outra coisa que ajuda uma crença é você não acreditar sozinho, se for este o caso, você é alienado do grupo onde está inserido e sua crença sufocada, mas se mais pessoas acreditarem, o sacrifício que “nós” fizemos (que é muito mais forte que o sacrifício que "eu" fiz), a crença tem mais chance de continuar. Pode parecer óbvio, mas não é, uma vez que se a crença ficar grande demais a ponto de ficar impessoal e distante do indivíduo, ela tende a ruir, tendo isto como um dos elos fracos da corrente, por isto ela pode ser grande, mas cada um dos receptáculos da crença tem de ter uma experiência individual e íntima com a crença, ela é a sua crença, mesmo sendo de outros. Se ela sobreviver ao tempo ela ganha tradição, afinal se tantos fizeram tanto pela crença em tanto tempo, ela tem de estar certa, não é mesmo?
Tradição, grupo e sacrifício junto com oposição formam pilares de sustentação para a crença, pois se a crença tiver aqueles que a questionam, aqueles que são contra ela, ela se torna mais forte, afinal é mais um propósito dos que tem a crença, somos “nós contra eles”. Então com isto a crença passa a ser enxergada como a verdade em detrimento das outras coisas e não importa se a racionalidade e a aplicação lógica podem lançar dúvidas na crença, se preciso for, questionar se torna algo contra a crença e portanto uma heresia, melhor o abençoado silêncio da ausência do questionamento do que arriscar os sacrifícios feitos pela crença e a verdade que investimos nela.
Se fosse uma crença de que o céu é verde, por exemplo, não importa se ele parece azul, as pessoas estabeleceriam a verdade em relação a sua crença, seja criando uma filosofia na qual o céu sendo verde era enxergado por nós como azul pela nossas limitações físicas, ou então estabelecendo experimentos no qual o céu pudesse ser enxergado verde sob certas condições para lançar a dúvida de que o céu era realmente azul, e por aí vai.
E tudo isto é simples fato, não há contra o que lutar, não mais do que por exemplo, o homem ser bípede, isto é parte da organização do que é ser humano, mas isto é uma crença pessoal que não defendo com fervor, e espero que alguém me convença do contrário.
Eu tenho uma particular experiência com uma crença que elucida bem o aspecto negativo disto, estou investindo em uma relação com alguém de crenças e visão do mundo significativamente diferentes de mim. Sacrificamos coisas um pelo outro, gostamos um do outro, estamos juntos. E quanto mais tempo ficarmos, mais difícil será sair, pois não seria possível que desperdiçamos nosso tempo em “um erro”, que esperamos tanto tempo, sonhamos tanta coisa “por nada”. Então mesmo se o amor acabar, a união tende a se manter pelos motivos errados em uma seqüência de sacrifícios voluntários. Para mensurar isto em termos de fatores, eu expressei todos os motivos pelo qual não daríamos certo e todos pelos quais daríamos e fiz uma estatística, e somente uma overdose de Felix Felicix poderia fazer isto funcionar, ai eu voluntariamente sacrifiquei algo importante por esta relação.
Os argumentos contra se tornaram bem menos relevantes.
E a tendência é uma espiral decrescente até sacrificarmos a felicidade individual e conjunta selando uma união infeliz e quase indissolúvel, por todos os motivos justificáveis que podemos apresentar sem hesitar, inclusive criando crenças alternativas para ajuda a sustentar a crença principal, pois é mais simples isto que admitir o erro, que enfrentar o absurdo monstro do desconhecido, da mudança (essencialmente Daath, para quem um dia ler este diário e souber do que eu estou falando).
Isto me faz pensar em uma metáfora, uma extrapolação desta idéia. O que seria necessário para um anjo cair? Sendo criado em sua essência para fazer o bem, deve ser um esforço de fé e ação a cada momento para negar sua natureza e não voltar a virtude, uma luta e tormento diário para pecar, pois isto é contra o que eles são primordialmente.
Não é a toa que dizem que os demônios estão mais perto de nós que os deuses (infelizmente).
Eu só imagino se eu não fosse mágico e tivesse que simplesmente viver com isto, dia a dia... Não sei o que realmente seria necessário, coragem ou desespero. Por isto eu decidi ir para o futuro, até um ponto onde os herdeiros da humanidade tenham mais virtudes e menos defeitos, onde se possa pensar livremente a crença, com o equilíbrio entre o racional e o emocional, uma época onde isto realizado não existe mais guerras entre os homens.
In Nomine Vermilis. (Pois são poucos os deuses que aprovariam o que pretendo fazer).
Primeiro porque? Os motivos são inúmeros e cada caso é um caso, mas essencialmente o paradoxo tem de geralmente ter uma base intangível, algo que não possa ter imediata comprovação empírica, por exemplo acreditar que ao mergulhar nu em chamas você vai sair ileso, não tem muitos adeptos entre os que tem a capacidade de se manter funcional na realidade consensual (consensual! Atentemos para este detalhe), por outro lado acreditar que você vai ser realizado e satisfeito em uma profissão devido ao potencial de retorno financeiro que ela dá somente, é algo que tem um grupo considerável de adeptos. Então acreditar em um paradoxo é um erro, mas até ai tudo bem, vivemos errando, é parte do crescimento humano, é natural enfim.
Mas porque então depois do início, a crença se mantém? Nem todas se mantém, mas entre as crenças em paradoxos bem sucedidas algumas características que a auxiliam podem ser notadas. Sacrifício é uma característica bem comum a elas, se você sacrificar algo, sejam sonhos, perspectivas, tempo, estilo de vida, seja algo material ou intangível, o que importa é você sacrificar algo em favor desta crença paradoxal , a partir do momento que você faz isto, você parte para a justificativa em sua mente de que a crença não é apenas uma crença mas uma verdade, porque é difícil admitir em um primeiro momento que você se sacrificou por nada.
Se a crença exigir constantes sacrifícios para sua manutenção então ela se torna mais forte, mais sólida, principalmente com o passar do tempo, uma vez que nós humanos temos a tendência de buscar sentindo e significado nos fatos (eu por exemplo sou um ferrenho defensor de que os fatos tem propósito, mas que este propósito nem sempre é conhecido por nós).
Uma outra coisa que ajuda uma crença é você não acreditar sozinho, se for este o caso, você é alienado do grupo onde está inserido e sua crença sufocada, mas se mais pessoas acreditarem, o sacrifício que “nós” fizemos (que é muito mais forte que o sacrifício que "eu" fiz), a crença tem mais chance de continuar. Pode parecer óbvio, mas não é, uma vez que se a crença ficar grande demais a ponto de ficar impessoal e distante do indivíduo, ela tende a ruir, tendo isto como um dos elos fracos da corrente, por isto ela pode ser grande, mas cada um dos receptáculos da crença tem de ter uma experiência individual e íntima com a crença, ela é a sua crença, mesmo sendo de outros. Se ela sobreviver ao tempo ela ganha tradição, afinal se tantos fizeram tanto pela crença em tanto tempo, ela tem de estar certa, não é mesmo?
Tradição, grupo e sacrifício junto com oposição formam pilares de sustentação para a crença, pois se a crença tiver aqueles que a questionam, aqueles que são contra ela, ela se torna mais forte, afinal é mais um propósito dos que tem a crença, somos “nós contra eles”. Então com isto a crença passa a ser enxergada como a verdade em detrimento das outras coisas e não importa se a racionalidade e a aplicação lógica podem lançar dúvidas na crença, se preciso for, questionar se torna algo contra a crença e portanto uma heresia, melhor o abençoado silêncio da ausência do questionamento do que arriscar os sacrifícios feitos pela crença e a verdade que investimos nela.
Se fosse uma crença de que o céu é verde, por exemplo, não importa se ele parece azul, as pessoas estabeleceriam a verdade em relação a sua crença, seja criando uma filosofia na qual o céu sendo verde era enxergado por nós como azul pela nossas limitações físicas, ou então estabelecendo experimentos no qual o céu pudesse ser enxergado verde sob certas condições para lançar a dúvida de que o céu era realmente azul, e por aí vai.
E tudo isto é simples fato, não há contra o que lutar, não mais do que por exemplo, o homem ser bípede, isto é parte da organização do que é ser humano, mas isto é uma crença pessoal que não defendo com fervor, e espero que alguém me convença do contrário.
Eu tenho uma particular experiência com uma crença que elucida bem o aspecto negativo disto, estou investindo em uma relação com alguém de crenças e visão do mundo significativamente diferentes de mim. Sacrificamos coisas um pelo outro, gostamos um do outro, estamos juntos. E quanto mais tempo ficarmos, mais difícil será sair, pois não seria possível que desperdiçamos nosso tempo em “um erro”, que esperamos tanto tempo, sonhamos tanta coisa “por nada”. Então mesmo se o amor acabar, a união tende a se manter pelos motivos errados em uma seqüência de sacrifícios voluntários. Para mensurar isto em termos de fatores, eu expressei todos os motivos pelo qual não daríamos certo e todos pelos quais daríamos e fiz uma estatística, e somente uma overdose de Felix Felicix poderia fazer isto funcionar, ai eu voluntariamente sacrifiquei algo importante por esta relação.
Os argumentos contra se tornaram bem menos relevantes.
E a tendência é uma espiral decrescente até sacrificarmos a felicidade individual e conjunta selando uma união infeliz e quase indissolúvel, por todos os motivos justificáveis que podemos apresentar sem hesitar, inclusive criando crenças alternativas para ajuda a sustentar a crença principal, pois é mais simples isto que admitir o erro, que enfrentar o absurdo monstro do desconhecido, da mudança (essencialmente Daath, para quem um dia ler este diário e souber do que eu estou falando).
Isto me faz pensar em uma metáfora, uma extrapolação desta idéia. O que seria necessário para um anjo cair? Sendo criado em sua essência para fazer o bem, deve ser um esforço de fé e ação a cada momento para negar sua natureza e não voltar a virtude, uma luta e tormento diário para pecar, pois isto é contra o que eles são primordialmente.
Não é a toa que dizem que os demônios estão mais perto de nós que os deuses (infelizmente).
Eu só imagino se eu não fosse mágico e tivesse que simplesmente viver com isto, dia a dia... Não sei o que realmente seria necessário, coragem ou desespero. Por isto eu decidi ir para o futuro, até um ponto onde os herdeiros da humanidade tenham mais virtudes e menos defeitos, onde se possa pensar livremente a crença, com o equilíbrio entre o racional e o emocional, uma época onde isto realizado não existe mais guerras entre os homens.
In Nomine Vermilis. (Pois são poucos os deuses que aprovariam o que pretendo fazer).