Apartamento de Satrissa L. Lautrec

Narração
- Fala da professora.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~



Não era difícil para Aretha andar na cidade dos trouxas. Muitos bruxos achariam tal tarefa complicadíssima: sinais, ruas, faixas de pedestre, carros e ônibus de dois andares. Mas não Aretha. Não uma bruxa como ela... nascida trouxa.

A bela professora de poções agora estava atravessando uma rua de Londres, saindo de um supermercado. Naquele momento do dia, alguns bruxos começavam a circular na rua, saindo do ministério para o horário de almoço e Aretha olhava aquela cabine telefônica com atenção, diferente dos demais transeuntes. Ela não viu ninguém conhecido sair dali... E enrolava um dos dedos no cabelo, nervosa. Batia o pé no chão, freneticamente. Ela estava segurando a sacola do supermercado... Quem sabe ela não conseguiria fugir para a casa de outra pessoa? Algum conhecido que saísse daquela cabine telefônica? Ou então qualquer um daqueles trouxas que iam para lá e para cá na rua... Não... Ela precisava dar as boas vindas... Sempre fizera isso com todos os outros professores de História da Magia.

Aretha respira fundo e fita um papel meio amassado que retirara do bolso há pouco. Havia um endereço.

Satrissa Lautrec, Avenida Principal, n° 1549, ala norte, cobertura.

Com o papel nas mãos trêmulas, Aretha finalmente desprega seus pés de onde estava e toma coragem. Como ela seria? Será que Satrissa era uma bruxa feia e magricela, como aquelas dos contos que Aretha ouvia na infância? Ou seria uma mulher chata, sem educação... Provavelmente a chutaria da casa dela só de tocar a campainha... Ou uma sangue puro que não tolerava nascidos trouxas? Aretha não consegue desfazer o devaneio de uma imagem negativa de Satrissa, uma mulher com cabelos encaracolados negros, corcunda e com o queixo torto. Por óbvio, Aretha não fazia nem idéia de como era essa professora, ainda não a conhecia, mas era a sua praxe pessoal cumprimentar todos os professores novos de História da Magia, e com Satrissa não seria diferente... Talvez aquela imagem negativa da professora Lautrec que Aretha produzira em sua mente fosse apenas um reflexo da ambição de Aretha, ambição esta que às vezes se aflorava... Ocupar a cadeira de História da Magia... Vez ou outra, ela quase conseguia, mas não obtinha sucesso porque ou outro professor precisava entrar, ou ela precisava continuar lecionando poções por falta de outro professor que o fizesse, dentre outros motivos variados.

Mal percebeu quando já estava no endereço da morada da professora Lautrec e quase teve um desmaio: Era no edifício Vermont, um dos diversos cartões postais de Londres. Aretha já pensava que uma cobertura era um lugar onde uma pessoa rica morava, entretanto se surpreendeu com a visão daquele famoso ex-cassino ao checar o n° no papel. Depois que conseguiu fechar a boca, Aretha ajeitou o cabelo e ficou em uma pose na qual parecia mais rica, empinando os seios para cima e deixando o queixo reto. Ela entra pela porta daquele lugar chiquerésimo e vê um monte de gente indo e vindo por todos os lados. Gente rica, pessoas de outras nacionalidades, senhoras carregando cachorrinhos minúsculos e plantas de vários gêneros por todo o hall de entrada. Aretha chega com o nariz empinado para o atendente e olha-o fingindo desdém... Acontece que ela era uma péssima atriz, e ficou extremamente esquisita naquela pose, como se estivesse com o pescoço quebrado para trás.

- Por favor, cobertura da ala Norte, Srta Lautrec. Meu nome é Aretha Mist, diga a ela que sou sua nova colega de trabalho na escola. Ela irá entender o recado.

O sujeito olhou um pouco assustado para Aretha, mas pronta e profissionalmente respondeu:

- Sim, madame... Um segundo, por favor... - diz o atendente, indo para o interfone chamar a Srta Lautrec.

OFF:

-Fala
"Pensamento"
Narração
NPC's

ON:

Satrissa acabara de chegar em sua casa. Tinha ido imediatamente para o seu escritório, nem se dando ao trabalho de falar com a empregada que todos os dias vinha em sua casa. A empregada em questão era uma bruxa abortada, de trinta ou quarenta anos. Satrissa a contratara pois jamais escolheria ter um elfo doméstico como servo, afinal, os odiava. Também não ocuparia seu tempo com feitiços para manter a casa limpa. Por isto, Magda era uma ótima opção.
Magda bateu na porta do escritório, e disse rapidamente, sem nem abrir a porta:
-Senhora, há uma mulher querendo subir. Disse que se chama Aretha Mist e é sua nova colega de trabalho em uma escola. Acho que deve ser professora de Hogwarts.

No escritório, Satrissa parou de escrever o relatório que escrevia. Deixou sua pena sobre a mesa e levantou-se. Abriu a porta do escritório, com Magda ainda esperando sua resposta.

-Pode deixar que eu atendo. Chegou alguma correspondência?

Disse, caminhando para o Hall.

-Estou indo pegar!- respondeu Magda.

Satrissa desceu as escadas e pegou o interfone. Em uma voz calma e majestosa, disse:

-Aqui falando é a Srta. Lautrec. Pode diexar a Srta. Mist subir.

E desligou. "Mas o que será que uma professora de Hogwarts quer comigo? E QUEM é esta mulher? Por que será que está vindo aqui? E como descobriu meu endereço?

Quando percebeu, Magda estava ao seu lado estendendo-lhe algumas cartas.

-Uma carta do Ministério, uma carta da loja de Poções de Yorkshire, uma...

-Pode deixar que leio minhas próprias cartas.

Pegou a correspondência em sua mão. Uma carta do Ministério, uma propaganda da loja de poções de Yorkshire, uma carta de Hogwarts e uma conta de luz dos trouxas. Enquanto ia abrir a carta do Ministério, a campainha toca. Suas roupas eram de frio, pois acabara de chegar, e junto de suas luvas dava a impressão a qualquer um de que ela estava em uma viajem. Satrissa deixa então as cartas na mesa ao lado da escada e se dirige para a porta, abrindo-a e dizendo em uma voz ainda doce e majestosa.

-Olá...

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~



Demorou alguns segundos para o atendente voltar. Enquanto isso, Aretha se entretia em olhar as pessoas que iam e vinham no hall do local famoso. Eram pessoas de todos os tipos e nacionalidades. Seus olhos repousaram em várias telas de pinturas que estavam no local. Elas representavam paisagens bucólicas do arcadismo no século XVII. As obras bucólicas não traziam grande inspiração à Aretha, ela preferia a arte do realismo da idade média. Seus olhos então se voltaram para uma grande tela de frutas e uma jarra bonita, quando o atendente entra no seu campo de visão.

- A Srta Lautrec a aguarda. Pode subir por aquele elevador à esquerda.

- Obrigada, com licença... – diz Aretha, saindo do seu “transe histórico” de observação de pinturas campestres.

Ela segue até o elevador indicado e entra nele. O chão de mármore do elevador era brilhante, assim como os espelhos que refletiam a imagem de Mist. Ela aperta o botão da cobertura e retira a pequena manta que guarnecia seu corpo: o aquecedor do local estava ligado e não estava tanto frio lá dentro. Ela segura a sacola de compras e ajeita a manta no braço. Ela olha para o marcador de andares passar de número em número e começa a ficar tonta só de imaginar a altura em que ela estava. O elevador foi direto para o último andar do Vermont. O elevador faz um barulho específico e abre.

Aretha caminha até a única porta no final do corredor pomposamente decorado. A professora Mist se posta à porta e ajeita a blusa de malha que vestia, batendo com as mãos na calça jeans, pousando uma delas dentro do bolso. Se soubesse que a nova professora morava num lugar tão sofisticado, Aretha não teria ido tão informal e à vontade.



A porta então abre-se e uma mulher estonteante surge em roupas de viagem.

- Olá… – diz a Srta Lautrec, com uma voz doce e majestosa. Com certeza era uma mulher de muito requinte. Aretha observa as roupas de viagem e diz com calma e com a voz ainda cheia de surpresa de ver tão estonteante mulher:

- Bom dia... Bem, quase boa tarde, não? Meu nome é Aretha Mist, sou professora de Poções em Hogwarts, vim dar as boas vindas para a mais nova professora de História da Magia. Pelo que vejo, está de saída?

OFF:
-Falas.
"Pensamentos."
NPC's
Narração.

ON:
Os olhos de Satrissa avaliaram Aretha. Seus pensamentos perguntavam-lhe como uma pessoa pudia se vestir daquela maneira para vir visitá-la. Seu sorriso amistoso manteu-se no rosto e ela então disse:

-Que bom saber que a professora que leciona poções é tão gentil em vir me visitar e tão..."descolada"! Sou Satrissa Lautrec. Por favor, entre.

Quando Aretha entra, silenciosa e rapidamente fecha a porta e caminha para a mesa, pegando as cartas em suas mãos, e começa a subir as escadas.

-Na realidade, não estou de saída. Acabei de chegar e mal tive tempo de retirar esta roupa.- diz, e posta-se no topo da escada.-A sala é por aqui.

Quando ambas entram na Sala de Estar, estendendo sua varinha de mogno com cerne dse pêlo de unicórnio, Satrissa acende a lareira. Marvelous, seu gato, levanta-se do sofá e começa a se enroscar nas pernas de sua dona. Satrissa então o pega no colo, e fala em voz alta, tirando suas luvas:



-Magda! Venha servir a Srta. Mist! Por favor, Aretha - posso chamá-la assim? - peça o que quiser: água, café, suco, poção polissuco....se é que isto você já tem bastante no estoque de Hogwarts, não é? - disse, sorrindo. -Vou trocar de roupas e já volto.

Disse, caminhando pelo corredor e entrando em seu quarto.

Magda, de cabelos grisalhos presos em um coque escondido atrás do chapéu do uniforme, se aproxima de Aretha, e humildemente, com um tom nervoso na voz, pergunta:
-Aceita alguma coisa, minha criança?

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~





Os olhos de Aretha viram que os de Satrissa a avaliaram dos pés à cabeça, e, no fim de tudo, ela viu um sorriso na face da bela Lautrec.

”Acho que causei boa impressão…”

- Que bom saber que a professora que leciona poções é tão gentil em vir me visitar e tão..."descolada"! Sou Satrissa Lautrec. Por favor, entre.

Aretha coloca uma das mãos no bolso da Jeans e dá um sorriso. Se ela soubesse o quão refinada era a nova professora, talvez teria caprichado mais no visual. Ela entra na casa e diz:

- Com licença…

Os olhos ágeis de Aretha olharam todo o recinto. Era magnífico. Seu rosto fica encantado com tantas decorações e ela se sente aconchegada ali.

- Na realidade, não estou de saída. Acabei de chegar e mal tive tempo de retirar esta roupa. A sala é por aqui.

Aretha vai seguindo Satrissa até chegarem à sala, outro cômodo muito bonito e bem sofisticado. Ela se mantém de pé.

- Magda! Venha servir a Srta. Mist! Por favor, Aretha - posso chamá-la assim? - peça o que quiser: água, café, suco, poção polissuco....se é que isto você já tem bastante no estoque de Hogwarts, não é? Vou trocar de roupas e já volto.

Uma senhora surge e humildemente pergunta:

- Aceita alguma coisa, minha criança?

- Ah, não, muito obrigada... – diz Aretha, por educação, mas depois diz - Na realidade... Onde é a cozinha? A Srta Lautrec gosta de cappelletti? – pergunta, muito interessada, e, depois, esclarece - É que eu comprei uns ingredientes. Sabe, eu saúdo os novos professores fazendo para eles meu prato favorito...

OFF:
-Falas
"Pensamentos"
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Narração

ON:

A empregada se mostra assustada. Leva as mãos à boca.

-Você... Fazendo comida para a minha senhora... Não sei se ela vai querer, sabe, acho que ela não vai comer aqui... - disse Magda, cochichando. - A madame é muito... fresca, entende? Não come qualquer comida, não que sua comida seja uma ocmida qualquer, mas acho que você me entendeu... - ela hesitou por um momento, e sua face pareceu mais aliviada. - Sabe, acho que é melhor perguntar para a Sra. Lautrec...

Antes que Aretha pudesse responder, a voz assustadora de Satrissa ecoou no salão.
-O que irão perguntar para mim?


-Sra...- disse Magda rapidamente.- A convidada deseja que comam capelletti.

"Logo chega em minha casa e já quer desfrutar de minha cozinha? Que morta de fome. É melhor não fazer desfeita e permitir isto..."

-Bom, se Aretha quer, pode fazer, Magda.

-Não, senhora. A Srta. Mist deseja fazer o prato.

Um sorriso escoa pela face de Satrissa.

-Que gentileza! Então vamos para a cozinha, ora. É no andar inferior, Aretha.-disse Satrissa, apontando com sua mão a escada novamente.

OFF:

Cozinha:

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~





Aretha escutou o comentário de Magda. Ela era uma empregada um tanto... Opinativa? O que Aretha pensou era que a mulher apenas negaria, ou então aceitaria, entretanto falou que a Srta Lautrec era fresca.

”Coitada dessa senhorinha… Parece tão simples... Mas já xingando a patroa dela...”

Então, Aretha leva um susto e seu rosto fica lívido. Com medo de Satrissa despedir Magda pelo comentário, ela ia começar a falar, mas a ajudante da Srta Lautrec disse o que ela queria. Aretha então sacudiu a sacola que carregava, perto do rosto, sorrindo meio sem graça. A Srta Lautrec pareceu receptiva ao almoço, para o alívio de Aretha.

- Ah, sim, vamos… Srta Lautrec, sei que a senhorita tem um paladar muito refinado, mas creio que você vai gostar deste cappelletti, é uma receita secreta da minha família, sempre recebo os novos professores de história da magia com essa mesma receita... Sabe, está interligada à minha própria história! – diz, tentando puxar um papo ruim.

Quando Aretha chega à cozinha, seu ar é consumido pela beleza do recinto e sua respiração fica suspensa: ela não consegue esconder a admiração por cada cadeira, por cada bancada, por cada decoração do recinto. Ela anda devagar coloca os ingredientes com leveza na bancada central.

- Bela cozinha… – diz, e dá um sorriso amigável.

OFF:
-Falas.
"Pensamentos"
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ON:
Satrissa, após descer as escadas, entra na cozinha. Sua beleza igual à toda a casa até a espantou, uma vez que raramente ia a sua cozinha. A cozinha estava toda arrumada, um trabalho perfeito de Magda.

Aretha comenta-lhe sobre a cozinha, e Satrissa retribui com um sorriso, apenas isto. Fala para Magda e Aretha:

-Magda, forneça tudo o que a convidada precisar. Aretha, já volto.

Disse, e voltou para o hall. Enquanto caminhava até a Sala de Estar, seus pensamentos ainda surpresos com a chegada da outra professora.

"Como que uma pessoa pode se submeter a ficar na cozinha? Esta mulher é estranha, com certeza!"

Satrissa abriu o móvel do lado esquerdo da lareira da Sala de Estar, revelando uma grande quantidade de bebidas como vinho, champagne, uísque, entre outros. No canto do móvel, quatro taças de cristal repousavam sem poeira alguma, provavelmente encantadas. Ela então pegou duas taças e um champagne, e voltou para a cozinha.

-Sua visita em minha casa merece um champangne.

Disse, oferecendo a taça.

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~





Assim que Satrissa deu as costas, Aretha rapidamente abriu a sacola e começou a retirar os ingredientes: massa pronta, margarina, frango, cremes, coisas para recheio e um utensílio específico para fechar as trouxinhas de massa em forma de cappelletti. Ela vai até a pia e lava as mãos, sorridente e, quando vira-se, vê Satrissa voltando da sala, com uma taça de Champagne.

- Ah, Srta Satrissa… Queira me desculpar, entretanto eu não bebo... – diz, com um pouco de pesar na voz. – Agradeço muito, muito a sua atenção...

Aretha então termina de secar as mãos e começa a fazer os cappellettis. Ela observa o armário e vê um pote. Ela junta os ingredientes com as mãos... Carne de frango moída, ovos, bacon, um pouco de leite, algumas pitadas de tempero. Enquanto fazia o recheio, Aretha trava uma conversa casual com Satrissa.

- Srta Lautrec, gostaria de saber qual é sua formação em história... Sabe, onde você estudou, etc. Eu estudei em Hogwarts, mas nunca deixei de estudar a história Trouxa... Fiz uma faculdade dessas seqüenciais, sabe, que você pode fazer aulas apenas nas férias. Fora a escola até os 11 anos, quando fui pra Hogwarts... Depois me formei na faculdade bruxa inglesa, a Maltus College.

OFF:
-Falas.
"Pensamentos."
NPC's
Narração.

ON:

-Que pena que não goste. Está deixando de apreciar uma das mais deliciosas maravilhas do mundo trouxa.

Disse ela, sacando sua varinha e apontando para a tampa da garrafa. A rolha estourou, mas pairou no ar, enquanto Satrissa fazia-a baixar com sua varinha. E aí, Aretha falou. Satrissa se incomodara com a pergunta. Como ela ousava saber suas referências? Enquanto enchia sua taça, ela lhe respondeu sorrindo.

-História trouxa? Infelizmente não me interesso pelo que os trouxas chamam de "história". Aquilo não é nada sem a História bruxa... Onde estudei? Bom, quando saí de Hogwarts decidi me aprofundar em História. Uma jovem tola eu era, não me improtava com a profissão que seguiria. Fiz mestrado na Universidade de Oxford, é claro, minha terra natal, a única onde se tem mestrado. Porém, aconteceu que não queria mais seguir aquela vocação, e então, fui para o ministério, onde trabalhei até recentemente, quando decidi que usaria o mestrado que fiz, e agora irei lecionar em Hogwarts, voltando para as raízes. Acredita nisto? De qualquer maneira, conte-me de você. De qual casa veio?

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- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~





- Acredite Srta Lautrec, o caso não é gostar ou não gostar da bebida...

Aretha ouvia tudo o que Satrissa dizia e não fazia juízos de valor sobre aquilo: apenas ouvia. Pacientemente Aretha ia investindo com mais ingredientes no recheio e revesava entre amassar e lavar a mão, checar uma panela que estava ao fogo com a massa aberta sendo pré-cozida e voltando novamente ao recheio.

- Então você é nascida bruxa... Acho que já ouvi falar de sua família, vi que o nome não me era estranho... Eu era Lufana! Belos dias!! Belas noites na floresta proibida!! Sim, eu era de estudar mas logo vi que meu lugar era realmente na lufa-lufa!! Somos muito amigos naquela casa, unidos, sabe? - ao dizer "unidos", Aretha aperta a massa com mais vontade e dá um lindo sorriso, fazendo uma expressão forte e alegre, ao mesmo tempo firme e concreta - Aprontamos muito... Claro que inicialmente eu não queria me envolver, sempre avisava dos perigos às meninas, só que... Sabe aquela coisa... Amigos estão aí para ficarem juntos, sofrerem juntos... Pregarem peças juntos! - Aretha dá um sorriso consigo mesma e retira a massa da panela, ajeitando-as em um tabuleiro que pedira à Magda, que estava se saindo uma excelente ajudante: Aretha daquela forma conseguiria fazer a receita na metade do tempo. Ela coloca o recheio na massa ainda morna de ser lavada na pia e as fecha, formando pequenas trouxinhas de massa e recheio - Pareço uma boba falando dessas coisas... Essas amizades se perderam com o tempo, sabe... Poucas restaram... Uma amiga, a professora de Defesa contra as Artes das Trevas, Kaileena Harumo... A Kai... Você irá ter o prazer de conhecê-la. Rigorosíssima com os alunos, mas um doce de pessoa. É a única que tenho contato, e olha que na época de estudantes nem éramos da mesma casa... Ela era da Grifinória. Fomos contemporâneas, Srta. Lautrec? Eu e você?- pergunta, continuando o assunto.

Quando Aretha fala sobre a questão da bebida, ela levanta sua sobrancelha direita:

-Aretha, é um luxo que, de vez em quando, podemos nos dar. Esta é uma ocasião especial, estou recebendo a sua visita. Não pense que todo dia vou e bebo ocmo uma alcóoolatra desesperada e melancólica, ah não! Tenho bastante força de vontade para não tornar disto um vício. A bebida não me controla.

Magda, ao canto, murmura de propósito.

-Ninguém controla.

-Magda, enquanto estive lá em cima, percebi que a cama estava desarrumada. Vai lá dar um jeito na cama. - disse Satrissa, mandando-a para fora dali, e Magda sai inconformada. - -Onde estávamos querida? Ah sim! Você perguntou se estudamos juntos, não foi? Não, não! Você é muito mais nova do que eu, não que eu seja velha, é claro que não sou, mas você tem quantos? 30 anos? Então já temos uma diferença de 10 anos...o nosso tempo não foi o mesmo, com certeza. Sabe, comigo, poucos foram os que ficaram amigos, e menos ainda os que mantiveram contato. Mas é claro, todos de meu ano foram úteis quando entrei no Ministério. Mas, bom, diga-me, de que cidade veio? Ou será que veio de outro país?

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~




Aretha pára de cozinhar e observa a bebida. Realmente, ela gostava de beber... Sempre gostou... Mas todas as vezes que bebeu... Não, era melhor nem pensar... Aretha pega o pote de cappellettis, se vira de costas para Satrissa e diz:

- Eu posso morrer se eu beber – diz Aretha secamente. Ela não queria dar continuidade ao assunto e coloca os cappellettis para terminar de cozinhar os mesmos. Ela vai escutando o que Lautrec tinha a dizer... Aretha exercita sua paciência pela insistência de Lautrec se concentrando na pergunta da mesma - Eu? Tenho 34... Então 6 anos de diferença? Quando eu entrei, você possivelmente estava no seu último ano... Eu sou de Londres mesmo... Meus pais são trouxas, foi uma grande surpresa quando recebi a carta de Hogwarts! Até hoje eu não consigo largar minhas roupas trouxas, mesmo quando estou em aula... Diga-me, Srta Lautrec, onde você compra suas roupas? Notei que são de muito bom gosto!!

Aretha então segue para fazer o molho de tomates, bem frescos.

”Pra que eu perguntei isso? Provavelmente essa roupa que ela está usando me custa um ano de salário... E olha que eu não ganho mal!”

Satrissa estremece quando ouve Aretha. "Não consigo largar minhas roupas trouxas".

"Uma nascida trouxa! Meu Deus! E eu pensado que ela no máximo era uma mestiça! Então ela não tem precedentes bruxos! Por isto não respondeu minha pergunta, deve estar envergonhada de suas origens. Que pobre mulher... E o pior é que ela não pode ir na biblioteca. Se Lamia ver Aretha, provavelmente vai pular do retrato e atacá-la!"

-Estas roupas,- disse, ocupando seus pensamentos com a conversa e não com Lamia Lautrec, sua ancestral - Vieram da França é claro. Só compro minhas roupas lá, na Sussax: Fils d'Or.

Seu gato vem andando pela cozinha e passa vai se enroscando na perna de Aretha. Satrissa pega-o no colo e o coloca fora da cozinha.

-Tem algum animal de estimação, Aretha?

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
_~~ºººFeitiçoººº~~_
~~~~ OFF ~~~~




A professora abre a boca ao ouvir de onde vinham as roupas, claramente revelando que ela não era muito rica. Depois um gato vem lhe esfregando nas pernas e ela acaricia-o com o pé, levemente, sorrindo, terminando de juntar os tomates numa tigela.

- Por Merlin! Que gato maravilhoso!! Sim, eu tenho um gato! Siamês! Ludo, o nome dele... Sabe, eu aprecio muito jogar Ludo, desde pequena... – diz Aretha, fazendo um barulho infantil com a boca, mexendo com o gatinho, quando Satrissa o coloca para fora. Ela então segue até o fogão e diz - Srta Lautrec, aproveite e fique ai com o gato... É hora de fritar os temperos... Não deseja estragar seu penteado, certo?

Aretha retira sua varinha do bolso, aponta para o próprio cabelo e diz:

_~~ºººImpervius!ººº~~_


~~~~ OFF ~~~~
Ela disse suas origens: Londres.

"Quem ela pensa que é para me expulsar da minha própria cozinha?

-Ah não! Pode deixar, eu fico por aqui mesmo.- diz, apenas se afastando um pouco da gordura em que ela fritaria. Espere um momento.

Ela caminha rapidamente para o hal, e fala em um tom mais alto.

-Magda, venha preparar a Sala de Jantar!

Ela então caminha rapidamente para a biblioteca. Tinha que se precaver. Olhou dentro dos pequenos armários à procura de algum pano. Felizmente, acha uma manta em uma mesinha. Caminha até perto do retrato de uma bela mulher loira.

-Não acredito que vai fazer isto de novo! Eu vou gritar hein! - disse a mulher. Aretha certamente pôde ouvir uma voz vinda da cozinha.

-Não agora Lamia, ou lançarei-lhe um feitiço para que fique calada!-disse Satrissa, colocando a manta na frente do retrato.

E então volta para a cozinha, ficando perto da porta. Enche sua taça.

-E então, quando sai o delicioso prato?

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
_~~ºººFeitiçoººº~~_
~~~~ OFF ~~~~




Aretha coloca água quente para ferver. Ela soca um alho fresquinho enquanto Satrissa sai para sabe-se-lá-aonde. Aretha joga o óleo na panela e espera que ele esquente. No mesmo momento em que Aretha coloca o alho para fritar, Satrissa aproxima-se novamente. Uma fumaça com cheiro de comida gostosa se instala no ambiente.

- Em alguns momentos, Stra Satrissa! Como a massa já está pré-cozida, sairá em instantes! – Aretha continua a fritura e mistura alguns condimentos no alho para o molho branco... Ela aparentemente tentava esconder com o corpo a feitura daquele molho - Use impervius no seu cabelo, senão ficará com cheiro de alho e comida... acredite...

Ela não diz mais muita coisa, estava concentrada na comida.

Satrissa se move para o lado. Põe a varinha apontada para o cabelo e disse.

-Impervius! Acho que fica melhor então. Bom, me desculpe a pergunta, mas de que é feita sua varinha? Tenho grande curiosidade por varinhas, elas me fascinam! Se um dia perdesse minha varinha faria um estardalhaço idêntico à Revolta dos Duendes.

Disse, e se aproximou da porta, afastando-se do fogão e daquele cheiro horrível.

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
_~~ºººFeitiçoººº~~_
~~~~ OFF ~~~~




Aretha, enquanto terminava a comida, dá uma risada gostosa e satisfeita quando Satrissa menciona a guerra dos duendes. Ela aparentemente havia terminado, só estava nos últimos preparativos.

- A senhorita tem senso de humor, Stra Satrissa! A minha é Pelo de Unicórnio, Mogno, 20 cm, farfalhante como pôde ver. Dizem que a varinha diz muito sobre o bruxo... Mas eu não acredito nessas coisas... Eu peguei essa logo de primeira. Me disseram que tem pessoas que ficam mais de horas no Olivaras escolhendo a sua... Até que se encaixe! – Aretha sorri e vira-se para Satrissa - Está pronto! Eu espero que você goste!!! Já posso servir na mesa?

_~~ºººFinite Incantatemººº~~_

Ela sorri após desfazer o feitiço impervius.

-Não me diga! - ela estendeu-lhe a varinha. - A Minha é Mogno, 28 cm, Flexível e Boa para Feitiços e Azarações. O cerne, diga-se de passagem, e peculiar. Se Olivaras soubesse desta varinha ficaria doido, se é que provavelmente já sabe que produzem varinhas como esta. A minha varinha, oficialmente, tem o núcleo de pêlo de unicórnio. Porém, além disto, um fio de cabelo de veela compôe a varinha também. Dois núcleos. Extraordinário. Foi produzida na França, é claro. Fui escolhê-la com minha avó, Solange Ludwan.

Ela aponta a varinha para o cabelo novamente.

-Finite Incantatem! Já eu, acredito que a ligação entre a varinha e o bruxo é indescritível e muito complexa. A varinha diz muito do bruxo sim, pois ela o escolhe. Bom, ovu ver se a Sala de Jantar está pronta.

Disse, e caminhou para uma outra porta, até então fechada, que ligava a cozinha com a sala de jantar. Quando abriu-a, a mesa estava arrumada com os pratos e talheres de prata. Na parede, um lindo leque negro estava pendurado. Ele pertencera à Lamia, a ancestral de Satrissa que possuía um retrato na biblioteca, mas era mais antigo que ela. Pertencera à Lamia, membra do Conselho dos Bruxos na época de Elfrida Clagg, que perseguia e matava secretamente diversos trouxas. Mas o leque se tornara uma relíquia da família Latrec, e agora pertencia à Satrissa.


-Venha. Deixe o capelleti ai que Magda nos servirá. MAGDAA!

Passos ligeiros e pesados desceram as escadas. Magda postou-se em frente à porta que ligava a Sala de Jantar e o Hall.

-Por favor, Magda, nos sirva. Aretha, pode se sentar.

Satrissa sentou-se na ponta da mesa.

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
_~~ºººFeitiçoººº~~_
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Aretha sorriu para Satrissa enquanto ela falava de sua varinha. Tudo naquela mulher era interessante e especial, e Aretha começou a apreciar isso.

- Bela varinha! Com certeza o Olivaras gostaria de dar uma boa olhada neste exemplar! - disse, tentando mostrar naturalidade, mas só conseguiu parecer que estava falando de um urso ou um outro animal qualquer no zoológico.

Aretha dispensa Magda e faz questão de servir o cappelletti, que havia ficado maravilhoso: saira nos conformes.



Ela observa aquele belo leque na parede. Seus olhos não haviam percebido o mesmo anteriormente, entretanto agora ele parecia muito bonito ali na parede, que compunha um belo conjunto ao lado dos outros detalhes de tão distinta sala de jantar.

- É uma bela peça, com certeza! Digo, este leque! Ficaria lindo em seus aposentos, lá em Hogwarts! Sabe, eu adoro decorar meu aposento... – disse Aretha, que na verdade adorava mesmo decorar o lugar que morava em Hogwarts durante o ano letivo, mas ultimamente tinha deixado esse hábito de lado. - Aliás, se precisar de ajuda para se acomodar em Hogwarts, estou ao seu inteiro dispor!

Aretha serve-se com vontade do cappelletti, mal educadamente antes de Satrissa, a dona da casa, mas era uma forma de demonstrar confiança nas próprias habilidades culinárias.

Ela continua dizendo assuntos triviais da escola, como os planos de aula de Satrissa, como ela esperava que fossem os alunos e como esperava ser recepcionada em Hogwarts, talvez, quem sabe, se tinha pretensões ser diretora de alguma das casas.

Satrissa notara como que Aretha tentava parecer natural ao dizer de sua varinha e apenas sorriu.

A professora de poções elogiara seu leque, e disse que poderia ser um objeto decorativo em seus aposentos, em Hogwarts.

-Este leque está em minha família desde 1600, e posso lhe garantir que o leque é muito mais velho até, diga-se de passagem, que Hogwarts.

Disse. Aretha, porém, não aguardou a chegada de Magda e logo se pôs a comer. Que afronta. Magda serviu Satrissa e se dirigiu para a cozinha.

Satrissa deu sua primeira garfada, elegantemente, e perguntou logo:

-Aretha, minha cara, por acaso este capelletti tem galinha?

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
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Aretha, durante toda a degustação daquele prato delicioso, falava sobre o leque. Era realmente um objeto muito bonito e apreciado por ela... Trazia à mulher um charme sem igual e a professora Kaileena também possuía um, assim como Aretha, mas ela usava só em emergências e dias de sol extremamente quentes: deixava-o sempre à mão para estes casos.

- Eu também tenho um, não tããão antigo quanto o seu: creio que seja uma réplica, pois é idêntico. Kaileena, outra professora, tem um bem parecido... De qualquer forma, parece que estamos conectadas, não é? - diz, como uma adolescente que estava combinando algo importante com as amigas.

Aretha responde a pergunta da professora, um tanto temerosa, e pausa o garfo no meio do caminho para a boca:

- Frango.

Satrissa deu mais umas beliscadas no capeletti, contendo todo o seu nojo por aquele alimento ali, entre tanta massa. Bebeu mais uns goles de vinho estalou seus dedos. Na sala de jantar Magda entrou. Satrissa se postou ereta na cadeira, tinha acabado de comer, e Magda retirou seu prato, já sabendo que sua patroa comeria pouco e não tardaria a chamá-la.

-Delicioso, Aretha. Temos que marcar mais encontros. - disse, observando Aretha comer.

Aquela ação, porém, não demoraria mais do que alguns segundos: Magda voltou, trazendo em suas mãos uma carta.

-Senhora, uma carta do ministério acaba de chegar.

-Com sua licença, Aretha. - falou ao se levantar.

Pegou a carta, leu seu conteúdo e entregou de volta à Magda, que saiu do recinto.

-Aretha, querida, mil perdões. Sei que não é ético nem educado deixar um convidado, mas preciso ir imediatamente para uma reunião com o gabinete do ministro. Sabe, parece que não saí do ministério ainda! Eles não conseguem me deixar de lado e permitirem eu ser uma simples professora. - falou rindo graciosamente.

Magda entrou no cômodo novamente, trazendo um casaco de peles para Satrissa, que o vestiu e foi se dirigindo para a biblioteca.

-Minhas desculpas, Aretha. Outro dia marcamos uma visita mais apropriada. Au Revoir, querida!

Entrou na biblioteca, pegou um punhado da areia próxima à lareira, entrou nela e disse bem clara e decididamente:
-Ministério da Magia!

E desapareceu na rede de flu.

Narração
- Fala da professora.
- Fala de outros personagens.
”Pensamento”
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Aretha acha meio estranha a forma como a Srta Lautrec resolve sair de casa, mas não percebeu que a mulher não gostou de sua receita. A professora de poções responde, muito animada:

- Sim, claro, nos encontraremos mais, com certeza!

Aretha sorri e dá um abraço caloroso e sincero na nova professora de História da Magia.

- Vou ajudar a arrumar a cozinha, depois vou embora. Quem sabe ainda não estarei aqui quando você voltar?

A professora estava falando com sinceridade, ficou feliz por ter cozinhado para o mais novo membro do corpo docente de Hogwarts e pôs-se a arrumar a cozinha, depois, como Satrissa demorara por demais, voltou para sua casa, feliz com os acontecimentos do dia.