Narração
- Fala da professora.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~
Não era difícil para Aretha andar na cidade dos trouxas. Muitos bruxos achariam tal tarefa complicadíssima: sinais, ruas, faixas de pedestre, carros e ônibus de dois andares. Mas não Aretha. Não uma bruxa como ela... nascida trouxa.
A bela professora de poções agora estava atravessando uma rua de Londres, saindo de um supermercado. Naquele momento do dia, alguns bruxos começavam a circular na rua, saindo do ministério para o horário de almoço e Aretha olhava aquela cabine telefônica com atenção, diferente dos demais transeuntes. Ela não viu ninguém conhecido sair dali... E enrolava um dos dedos no cabelo, nervosa. Batia o pé no chão, freneticamente. Ela estava segurando a sacola do supermercado... Quem sabe ela não conseguiria fugir para a casa de outra pessoa? Algum conhecido que saísse daquela cabine telefônica? Ou então qualquer um daqueles trouxas que iam para lá e para cá na rua... Não... Ela precisava dar as boas vindas... Sempre fizera isso com todos os outros professores de História da Magia.
Aretha respira fundo e fita um papel meio amassado que retirara do bolso há pouco. Havia um endereço.
Com o papel nas mãos trêmulas, Aretha finalmente desprega seus pés de onde estava e toma coragem. Como ela seria? Será que Satrissa era uma bruxa feia e magricela, como aquelas dos contos que Aretha ouvia na infância? Ou seria uma mulher chata, sem educação... Provavelmente a chutaria da casa dela só de tocar a campainha... Ou uma sangue puro que não tolerava nascidos trouxas? Aretha não consegue desfazer o devaneio de uma imagem negativa de Satrissa, uma mulher com cabelos encaracolados negros, corcunda e com o queixo torto. Por óbvio, Aretha não fazia nem idéia de como era essa professora, ainda não a conhecia, mas era a sua praxe pessoal cumprimentar todos os professores novos de História da Magia, e com Satrissa não seria diferente... Talvez aquela imagem negativa da professora Lautrec que Aretha produzira em sua mente fosse apenas um reflexo da ambição de Aretha, ambição esta que às vezes se aflorava... Ocupar a cadeira de História da Magia... Vez ou outra, ela quase conseguia, mas não obtinha sucesso porque ou outro professor precisava entrar, ou ela precisava continuar lecionando poções por falta de outro professor que o fizesse, dentre outros motivos variados.
Mal percebeu quando já estava no endereço da morada da professora Lautrec e quase teve um desmaio: Era no edifício Vermont, um dos diversos cartões postais de Londres. Aretha já pensava que uma cobertura era um lugar onde uma pessoa rica morava, entretanto se surpreendeu com a visão daquele famoso ex-cassino ao checar o n° no papel. Depois que conseguiu fechar a boca, Aretha ajeitou o cabelo e ficou em uma pose na qual parecia mais rica, empinando os seios para cima e deixando o queixo reto. Ela entra pela porta daquele lugar chiquerésimo e vê um monte de gente indo e vindo por todos os lados. Gente rica, pessoas de outras nacionalidades, senhoras carregando cachorrinhos minúsculos e plantas de vários gêneros por todo o hall de entrada. Aretha chega com o nariz empinado para o atendente e olha-o fingindo desdém... Acontece que ela era uma péssima atriz, e ficou extremamente esquisita naquela pose, como se estivesse com o pescoço quebrado para trás.
- Por favor, cobertura da ala Norte, Srta Lautrec. Meu nome é Aretha Mist, diga a ela que sou sua nova colega de trabalho na escola. Ela irá entender o recado.
O sujeito olhou um pouco assustado para Aretha, mas pronta e profissionalmente respondeu:
- Sim, madame... Um segundo, por favor... - diz o atendente, indo para o interfone chamar a Srta Lautrec.
- Fala da professora.
”Pensamento”
~~~~ OFF ~~~~
Não era difícil para Aretha andar na cidade dos trouxas. Muitos bruxos achariam tal tarefa complicadíssima: sinais, ruas, faixas de pedestre, carros e ônibus de dois andares. Mas não Aretha. Não uma bruxa como ela... nascida trouxa.
A bela professora de poções agora estava atravessando uma rua de Londres, saindo de um supermercado. Naquele momento do dia, alguns bruxos começavam a circular na rua, saindo do ministério para o horário de almoço e Aretha olhava aquela cabine telefônica com atenção, diferente dos demais transeuntes. Ela não viu ninguém conhecido sair dali... E enrolava um dos dedos no cabelo, nervosa. Batia o pé no chão, freneticamente. Ela estava segurando a sacola do supermercado... Quem sabe ela não conseguiria fugir para a casa de outra pessoa? Algum conhecido que saísse daquela cabine telefônica? Ou então qualquer um daqueles trouxas que iam para lá e para cá na rua... Não... Ela precisava dar as boas vindas... Sempre fizera isso com todos os outros professores de História da Magia.
Aretha respira fundo e fita um papel meio amassado que retirara do bolso há pouco. Havia um endereço.
Satrissa Lautrec, Avenida Principal, n° 1549, ala norte, cobertura.
Com o papel nas mãos trêmulas, Aretha finalmente desprega seus pés de onde estava e toma coragem. Como ela seria? Será que Satrissa era uma bruxa feia e magricela, como aquelas dos contos que Aretha ouvia na infância? Ou seria uma mulher chata, sem educação... Provavelmente a chutaria da casa dela só de tocar a campainha... Ou uma sangue puro que não tolerava nascidos trouxas? Aretha não consegue desfazer o devaneio de uma imagem negativa de Satrissa, uma mulher com cabelos encaracolados negros, corcunda e com o queixo torto. Por óbvio, Aretha não fazia nem idéia de como era essa professora, ainda não a conhecia, mas era a sua praxe pessoal cumprimentar todos os professores novos de História da Magia, e com Satrissa não seria diferente... Talvez aquela imagem negativa da professora Lautrec que Aretha produzira em sua mente fosse apenas um reflexo da ambição de Aretha, ambição esta que às vezes se aflorava... Ocupar a cadeira de História da Magia... Vez ou outra, ela quase conseguia, mas não obtinha sucesso porque ou outro professor precisava entrar, ou ela precisava continuar lecionando poções por falta de outro professor que o fizesse, dentre outros motivos variados.
Mal percebeu quando já estava no endereço da morada da professora Lautrec e quase teve um desmaio: Era no edifício Vermont, um dos diversos cartões postais de Londres. Aretha já pensava que uma cobertura era um lugar onde uma pessoa rica morava, entretanto se surpreendeu com a visão daquele famoso ex-cassino ao checar o n° no papel. Depois que conseguiu fechar a boca, Aretha ajeitou o cabelo e ficou em uma pose na qual parecia mais rica, empinando os seios para cima e deixando o queixo reto. Ela entra pela porta daquele lugar chiquerésimo e vê um monte de gente indo e vindo por todos os lados. Gente rica, pessoas de outras nacionalidades, senhoras carregando cachorrinhos minúsculos e plantas de vários gêneros por todo o hall de entrada. Aretha chega com o nariz empinado para o atendente e olha-o fingindo desdém... Acontece que ela era uma péssima atriz, e ficou extremamente esquisita naquela pose, como se estivesse com o pescoço quebrado para trás.
- Por favor, cobertura da ala Norte, Srta Lautrec. Meu nome é Aretha Mist, diga a ela que sou sua nova colega de trabalho na escola. Ela irá entender o recado.
O sujeito olhou um pouco assustado para Aretha, mas pronta e profissionalmente respondeu:
- Sim, madame... Um segundo, por favor... - diz o atendente, indo para o interfone chamar a Srta Lautrec.